Eu perco um pedaço de mim todos os dias. Perco minha autoestima, perco minha confiança, perco minha personalidade. Algumas vezes perco para acrescentar, mas muitas vezes eu perco pra me encaixar. Encaixar no mercado de trabalho, encaixar nas expectativas das pessoas, encaixar nos rótulos que a sociedade impõe e encaixar nas mudanças e nuances da vida.
E a cada perca vai-se um pedaço de mim. Vai embora o que eu lutei para ser ou o que eu sonho em ser. Vai embora muita coisa, até que eu me anulo como sujeito ao ponto de não saber quem eu sou mais.
Todos os dias eu escuto que sou ruim. Sou ruim como filha, como jornalista, como escritora, como funcionária... Eu não me encaixo na missão de perfeição da empresa que eu trabalho. Mas o legal é todo mundo julga, mas ninguém sabe fazer melhor. Eu sou única, você é único, nós somos únicos. Temos vidas diferentes, filosofias diferentes, criação diferentes, opiniões diferentes e pensamentos diferente. É isso não te faz melhor que o outro. Não te da direito de anular, de humilhar o outro.
Poder é algo relativo, basta você acreditar nele ou não. Se você acha uma pessoa melhor que você, você está dando poder a ela. Mas às vezes ela nem é tão poderosa assim. Enfrente-a que você saberá.
Todo os dias eu me perco porque eu perdi vários pedaços de mim. Todo dia eu me anulo um pouco mais para poder ser aceita. É isso não está certo. O meu eu selvagem não quer se encaixar. Ele quer ser entendido, compreendido e respeitado. Por isso, todos os dias antes de dormir eu digo pra mim mesma: você é boa! Você é boa no que faz sim! Você é boa filha, é boa jornalista, é boa escritora, é boa do seu jeito! Isso ajuda e muito, mas ainda assim eu me perco...
Não tenho orgulho dessas percas, mas continuo a cada dia tentando me perder menos e dar mais valor no que eu sou e no que eu quero ser, mesmo que isso seja perder pessoas e empregos...
