Por que não acreditar na sorte?
- Talita Vital
- 25 de jan. de 2018
- 2 min de leitura

Éramos três jovens em um bingo. Sim, bingo. Aquele jogo de sorte onde sorteiam as pedras e você marca na sua cartela se o número mencionado estiver impresso nela. O local era totalmente diferente para mim, o negócio era comercializado e em série. Na minha cultura, meus pais e tios que jogam bingo, mas éramos três jovens em um bingo.
Nunca fui “pé quente”. Nem sorteio no Instagram eu ganho, imagina num bingo. Mas o motivo ali não era eu, mas sim meus amigos que queriam muito ganhar. Fiquei pensando na diferença de comportamentos, pois, se eu quisesse uma grana extra ou iria fazer “um bico”, ou pediria aos meus pais ou economizaria do salário do mês anterior. Mas eles não, eles vão ao bingo.
É perceptível a fé que eles colocam na sorte. Frases como: vai ser essa! Ou: vou trocar de caneta para dar sorte, eram comuns. A concentração é primordial. O silêncio rigoroso. A atenção para marcar os números era sagrada. O cigarro queimava sem ser fumado e a sorte, essa não estava do lado deles.
No local havia várias pessoas, de todos os gêneros e etnias. Mas, a idade predominante era a partir dos 35-40 anos. Os gritos de: BINGOOOO vinha de norte a sul, porém não vinham da nossa mesa. A frustação virou mau humor e a crença de que o dia foi ruim reinou.
Eu era o amuleto da sorte naquele dia, mas de sorte eu não tinha nada. Estava prestes a me despedir de um romance intenso, de um país maravilhoso e das férias que eu sempre sonhei. Mas eu queria que meus amigos ganhassem e do meu jeito torci por eles. Entretanto não adiantou.
E não adiantou pra mim também, que implorava por uma sorte de poder ficar ali mais tempo, mesmo que no bingo, na companhia deles.
Naquele dia, vi o quão diferente éramos o quão diferente eram nossas culturas e o quão diferentes eram nossos modos de nos despedir. Mas a sorte essas nós queríamos de qualquer maneira por mais diferentes que fossemos.
Então, por que não acreditar na sorte?
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