Desde pequena mudar sempre foi normal para os meus pais. Mudávamos de casa de dois em dois anos ou menos. Sempre moramos de aluguel e quando o aluguel subia, nós mudávamos. Devo ter morado em umas 7 casas até meus 17 anos.
Quando me mudei para Uberlândia, minha “segunda” casa no mundo, mudei 4 vezes em 4 anos. Minhas amigas chamavam-me de nômade. E eu nunca me importei. Até gostava de mudar, passar por outros caminhos para ir à universidade e morar com pessoas diferentes.
Portugal, ou melhor, a cidade do Porto foi minha “terceira casa” no mundo. A terceira e a que mais me cativou. Desde que pisei no país, chegando à reitoria da Universidade do Porto guiada com um mapa impresso nas mãos, eu sabia que aquele lugar era pra mim.
Vale lembrar que meu GPS natural e péssimo e que eu estava tremendo de medo por andar em uma cidade mega desconhecida, em outro país, sem internet e sem poder ligar para meu pai ir me buscar se eu me perdesse.
Enfim, Portugal é um país lindo. Suas cidades são rústicas, daquelas com ruas de pedras e modernas ao mesmo tempo com um Mc Donald’s a cada esquina.
Lisboa é incrível. Também é a capital. Aveiro é mágica. Suas ruas lembram filmes românticos e tem aquele ar de Florença. Braga é intensa. Possui um “portão” de castelo como nos filmes medievais. Vila Nova de Gaia tem a melhor vista do Porto. Matosinhos, a melhor praia. Guimarães os melhores castelos e ruas cheias de história. E o Porto, o Porto é onde meu coração está.
Nunca gostei tanto de uma cidade. A cada dia um detalhe diferente chamava a atenção mesmo que eu passasse por aquele caminho todos os dias. A ribeira de dia é espetacular e a noite, iluminada pelas luzes da cidade se torna a vista mais linda que seus olhos podem ver.
A foz mostra a fúria das águas e tem uma iluminação natural que deixa as fotos incríveis. A Livraria Lello é uma pequena porta para um mundo imenso. As Galerias de Paris de dia são calmas e a noite tem uma agitação de vozes, risos, fumaça de cigarros, bafos de cervejas e as músicas das discotecas.
A Torre dos Clérigos é abençoada. Sua arquitetura original te transposta para séculos atrás. Sua vista do Porto é privilegiada e sua vista da Rua Cedofeita só é vista por quem é sensível o suficiente para nota-la.
Ah, a Estação de São Bento, sem palavras para descrever. Só resta gratidão para os construtores, porque aquele lugar é maravilhoso. A Casa da Música, vulgo cubo em pé, é moderna. É ponto turístico, é ponto de encontro, é o local da música é a casa das artes.
O Mercado do Bolhão tem cheiro de peixe. É um local onde você vai comer o melhor bacalhau e se sentir um português nativo. As chávenas de vinho, do outro lado da Ponte D. Luís I são o sonhos de todos, amantes de vinho ou não. Ah, a Ponte D. Luís I... Quantas lembranças bonitas e felizes.
E para finalizar, a rotunda da Boavista. Uma rotunda que é mais praça do que rotunda. Um lugar especial. Um lugar que te dá caminhos para vários outros. Um lugar inesquecível. O lugar onde eu me despedi da cidade e do país.
Depois de tantas mudanças e tantos lugares, tem um pedaço de mim que diz que Portugal é meu lugar no mundo.
Encontre seu lugar e viva-o até você encontrar outro.